Oficina XII

Oficina XII
Elementos básicos e essenciais da Narrativa: desvendando os mistérios do texto narrativo





A Narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.
Tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais.
O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.

Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:

Esquematizando temos:

- Apresentação;
- Complicação ou desenvolvimento;
- Clímax;
- Desfecho.
A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados, mesmo que não seja a personagem principal (narrador = personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador como um observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de personagens do texto (narrador = observador).
O bom autor toma partido das duas opções de posicionamento para o narrador, a fim de criar uma história mais ou menor parcial, comprometida. Por exemplo, Machado de Assis, ao escrever Dom Casmurro, optou pela narrativa em 1ª pessoa justamente para apresentar-nos os fatos segundo um ponto de vista interno, portanto mais parcial e subjetivo.
Protagonistas e Antagonistas


A narrativa é centrada num conflito vivido pelos personagens. Diante disso, a importância dos personagens na construção do texto é evidente.
Podemos dizer que existe um protagonista (personagem principal) e um antagonista (personagem que atua contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus objetivos). Há também os adjuvantes ou coadjuvantes, esses são personagens secundários que também exercem papéis fundamentais na história.

Narração e Narratividade
Em nosso cotidiano encontramos textos narrativos; contamos e/ou ouvimos histórias o tempo todo.
Mas os textos que não pertencem ao campo da ficção não são considerados narração, pois essas não têm como objetivo envolver o leitor pela trama, pelo conflito.
Podemos dizer que nesses relatos há narratividade, que quer dizer, o modo de ser da narração.
Narração objetiva X Narração subjetiva
  • objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho impessoal e direto.
  • subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens.
Observação
O fato de um narrador de 1ª pessoa envolver-se emocionalmente com mais facilidade na história, não significa que a narração subjetiva requeira sempre um narrador em 1ª pessoa ou vice-versa.


Os Elementos da Narrativa

Os elementos que compõem a narrativa são:

- Foco narrativo (1º e 3º pessoa);
- Personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante);
- Narrador (narrador-personagem, narrador-observador).
- Tempo (cronológico e psicológico);
- Espaço.
ISSO ENVOLVE:
·         Fato - o que se vai narrar (O quê ?)
·         Tempo - quando o fato ocorreu (Quando ?)
·         Lugar - onde o fato se deu (Onde ?)
·         Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem ?)
·         Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê ?)
·         Modo - como se deu o fato (Como ?)
·         Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho)
A modalidade narrativa de texto pode constituir-se de diferentes maneiras: piada, peça teatral, crônica, novela, conto, fábula etc.
Uma narrativa pode trazer falas de personagens entremeadas aos acontecimentos, faz-se uso dos chamados discursos: direto, indireto ou indireto livre.
No discurso direto, o narrador transcreve as palavras da própria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de algumas notações gráficas que marquem tais falas: travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente alguns autores não fazem uso desses recursos.
O discurso indireto apresenta as palavras das personagens através do narrador que reproduz uma síntese do que ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar necessário. A estruturação desse discurso não carece de marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura traz verbo dicendi (elocução) e oração subordinada substantiva com verbo num tempo passado em relação à fala da personagem.
Quanto ao discurso indireto livre, é usado como uma estrutura bastante informal de colocar frases soltas, sem identificação de quem a proferiu, em meio ao texto. Trazem, muitas vezes, um pensamento do personagem ou do narrador, um juízo de valor ou opinião, um questionamento referente a algo mencionado no texto ou algo parecido. Esse tipo de discurso é o mais usado atualmente, sobretudo em crônicas de jornal, histórias infantis e pequenos contos.

O Foco Narrativo

Podemos defini-lo como a estratégia do autor para o desenvolvimento de seu conto. Assim, ele pode relatar como um observador externo, onisciente, como pode inserir-se como um dos personagens, e de seu ponto de vista contar a estória, ou ainda, contar esta mesma estória através dos olhos de um personagem secundário. Vejamos então as três possibilidades do foco narrativo:
Primeira Pessoa: O personagem principal conta a sua estória. O narrador se limita, a saber, de si mesmo, de sua própria vivência.
Segunda Pessoa: Um outro personagem narra a estória sob o seu ponto de vista, instalando as falas tanto do personagem principal, quanto dos outros no texto. A estória é apresentada através de seu ponto de vista, mesmo quando se vê obrigado a revelar aspectos aos quais, em circunstâncias normais, não teria acesso. É uma liberdade da qual o autor se utiliza, tal como no foco na primeira pessoa, para poder relatar a estória um ponto de vista mais amplo. Isto também se aplica quando o foco narrativo é na primeira pessoa.
Terceira Pessoa: Neste caso o conto é apresentado por um observador que tudo sabe sobre os personagens, seus destinos, idéias e pensamentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Agora seu produzir uma narração. Ninguém nunca tinha me explicado assim!!!!

Débora de Queimadas/PB