Oficina X "Semântica: Significação das Palavras"



Sinônimos

São palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.
 
Exemplo:
 
O faturista retificou o erro da nota fiscal.
 
O faturista corrigiu o erro da nota fiscal.

Os termos retificou e corrigiu tem significados semelhantes, portanto são sinônimos.
 
A criança ficou contente com o presente.
 
Eles ficaram alegres com a notícia.
 
Antônimos

São palavras que apresentam significados opostos, contrários.
 
Exemplo:
 
Precisamos colocar ordem nessa baderna, pois já está virando anarquia.
 
Cinco jurados condenaram e apenas dois absolveram o réu.

Homônimos

São palavras que apresentam a mesma pronúncia ou grafia, mas significados diferentes.
 
Exemplo:

Eles foram caçar, mas ainda não retornaram. (caçar – prender, matar)
 
Vão cassar o mandato daquele deputado. (cassar – ato ou efeito de anular)
 
Os homônimos podem ser:
 
Homônimos homógrafos;
Homônimos homófonos;
Homônimos perfeitos.

Homônimos homógrafos
 
São palavras iguais na grafia e diferentes na pronúncia.
 
Exemplos:
 
Almoço (ô) – substantivo
Almoço (ó) – verbo
Jogo (ô) – substantivo
Jogo (ó) – verbo
Para – preposição
Pára – verbo
 
Homônimos homófonos
 
São palavras que possuem o mesmo som e grafia diferente.
 
Exemplos:
 
Cela – quarto de prisão
Sela – arreio
Coser – costurar
Cozer – cozinhar
Concerto – espetáculo musical
Conserto – ato ou efeito de consertar
 
Homônimos perfeitos
 
São palavras que possuem a mesma pronúncia e mesma grafia.
 
Exemplos:
 
Cedo – verbo
Cedo – advérbio de tempo
Sela – verbo selar
Sela – arreio
Leve – verbo levar
Leve – pouco peso
 
Parônimos

São palavras que possuem significados diferentes e apresentam pronúncia e escrita parecidas.
 
Exemplos:
 
Emergir – vir à tona
Imergir – afundar
Infringir – desobedecer
Infligir – aplicar
 
Relação de alguns homônimos

Acender – pôr fogo
Ascender – subir
Acento – sinal gráfico
Assento – tampo de cadeira, banco
Aço – metal
Asso – verbo (1ª pessoa do singular, presente do indicativo)
Banco – assento com encosto
Banco – estabelecimento que realiza transações financeiras.
Cerrar – fechar
Serrar – cortar
Cessão – ato de ceder
Sessão – reunião
Secção/seção - divisão
Cesto - cesta pequena
Sexto – numeral ordinal
Cheque – ordem de pagamento
Xeque – lance no jogo de xadrez
Xeque – entre os árabes, chefe de tribo ou soberano
Concerto – sessão musical
Conserto – reparo, ato ou efeito de consertar
Coser – costurar
Cozer – cozinhar
Expiar – sofrer, padecer
Espiar – espionar, observar
Estático – imóvel
Extático – posto em êxtase, enlevado
Estrato – tipo de nuvem
Extrato – trecho, fragmento, resumo
Incerto – indeterminado, impreciso
Inserto – introduzido, inserido
Chácara – pequena propriedade campestre
Xácara – narrativa popular
 
Relação de parônimos

Absolver – perdoar
Absorver – sorver
Acostumar – habituar-se
Costumar – ter por costume
Acurado – feito com cuidado
Apurado – refinado
Afear – tornar feio
Afiar – amolar
Amoral – indiferente à moral
Imoral – contra a moral, devasso
Cavaleiro – que anda a cavalo
Cavalheiro – homem educado
Comprimento – extensão
Cumprimento – saudação
Deferir – atender
Diferir – adiar, retardar
Delatar – denunciar
Dilatar – estender, ampliar
Eminente – alto, elevado, excelente
Iminente – que ameaça acontecer
Emergir – sair de onde estava mergulhado
Imergir – mergulhar
Emigrar – deixar um país
Imigrar – entrar num país
Estádio – praça de esporte
Estágio – aprendizado
Flagrante – evidente
Fragrante – perfumado
Incidente – circunstância acidental
Acidente – desastre
Inflação – aumento geral de preços, perda do poder aquisitivo
Infração – violação
Ótico – relativo ao ouvido
Óptico – relativo à visão
Peão – homem que anda a pé
Pião – brinquedo
Plaga – região, país
Praga – maldição
Pleito – disputa eleitoral
Preito – homenagem
 
POLISSEMIA
 
É o fato de uma palavra ter mais de uma significação.
 
Exemplo:
 
Estou com uma dor terrível na minha cabeça. (parte do corpo)
Ele é o cabeça do projeto. (chefe)
 
Graves razões fizeram-me contratar esse advogado. (importante)
 
O piloto sofreu um grave acidente (trágico)
 
Ele comprou uma nova linha telefônica. (contato ou conexão telefônica)
 
Nós conseguimos traçar a linha corretamente. (traço contínuo duma só dimensão)
 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
 
As palavras podem ser usadas no sentido próprio ou figurado.
 
Exemplo:
 
Janine tem um coração de gelo. (sentido figurado)
 
Sempre tomo uísque com gelo. (sentido próprio)
 
DENOTAÇÃO
 
É uso da palavra com seu sentido original, usual.
 
Exemplo:
 
A torneira estava pingando muito.
 
O sol brilhava intensamente hoje.
 
CONOTAÇÃO
 
É o uso da palavra diferente do seu sentido original.
 
Exemplo:
 
Ele tem um coração de manteiga.
 
É um verdadeiro mar de emoções essa música.
 
SÍNTESE DA AULA
 
Vimos nessa oficina os seguintes itens:
 
Sinônimos - são palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.
 
Antônimos – são palavras que possuem significados opostos, contrários.
 
Homônimos – são palavras que apresentam a mesma pronúncia ou grafia, mas possuem significados diferentes. Eles podem ser:

homônimos homógrafos – são palavras iguais na grafia e diferentes na pronúncia -;

homônimos homófonos – são palavras que possuem o mesmo som e grafia diferente -;

homônimos perfeitos – são palavras que possuem a mesma pronúncia e grafia, mas significados diferentes.
 
Parônimos – são palavras que possuem significados diferentes, mas apresentam pronúncia e grafia parecidas.
 
Polissemia – é o fato de uma palavra ter mais de uma significação.
 
Denotação – é o uso das palavras com seu sentido original, usual.
Conotação – é o uso das palavras diferente do sentido original.

Oficinas IX e X- Explorando Seu Conhecimento de Mundo e Linguítico


Carta Aberta  

Entre os gêneros textuais que conhecemos, há aqueles cujo objetivo principal é expor em público opiniões ou reivindicações acerca de um determinado assunto – aspecto esse que os fazem assumir um caráter argumentativo e persuasivo ao mesmo tempo, dada a intenção do emissor em convencer o receptor de que suas ideias são reforçadas em argumentos plausíveis.
Representando-os, temos a carta aberta, a qual se difere da carta pessoal pelo fato de que esta trata de assuntos que dizem respeito somente aos interlocutores nela envolvidos, ao passo que aquela trata de assuntos cujo interesse é coletivo, normalmente se referindo a um problema de consenso geral. Assim sendo, ela pode ser utilizada como forma de protesto contra esse problema, como alerta, e até mesmo como meio de conscientização da população ou de alguém com certa influência, como, por exemplo, um representante de uma entidade ou do governo, acerca da problemática em questão.
No que diz respeito à composição, a carta aberta possui uma estrutura relativamente livre, constando-se das seguintes partes:

* Título – no qual se evidencia o destinatário;
* Introdução – parte em que se situa o problema a ser resolvido;
* Desenvolvimento – relativo à análise do problema, há a apresentação dos argumentos, os quais fundamentam o ponto de vista do(s) emissor(es). 
* Conclusão – na qual geralmente se solicita uma resolução para o assunto em pauta.

Oficinas VII e VIII- Desvendando o Gênero Crônica


Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos.
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como "narração histórica". É a "Carta de Achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha", na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis:
 “Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica. (...)

                                    (Machado de Assis. "Crônicas Escolhidas". São Paulo: Editora Ática, 1994)

Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos.
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.

Oficina VI- Gêneros Textuais: Situação Determina Qual Usar



A primeira só

         Era linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser princesa se não tinha com quem brincar?
         Sozinha, no palácio, chorava e chorava. Não queria saber de bonecas, não queria saber de brinquedos. Queria uma amiga para gostar.
            De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite? Decidiu acabar com tanta tristeza. Chamou o vidraceiro, chamou o moldureiro. E em segredo mandou fazer o maior espelho do reino. E em silencio mandou colocar o espelho ao pé da cama da filha que dormia.
            Quando a princesa acordou, já não estava sozinha. Uma menina linda e única olhava surpresa para ela. Os cabelos ainda desfeitos do sono. Rápido saltaram as duas da cama. Rápido chegaram perto e ficaram se encontrando. Uma sorriu e deu bom dia. A outra deu bom dia sorrindo.
             - Engraçado - pensou uma –, a outra é canhota.
            E riram as duas.
Riram muito depois. Felizes juntas, felizes iguais. A brincadeira de uma era a graça da outra. O salto de uma era o pulo da outra. E quando uma estava cansada, a outra dormia.
O rei, encantado com tanta alegria, mandou fazer brinquedos novos, que entregou à filha numa cesta. Bichos, bonecas, casinhas, e uma bola de ouro. A bola no fundo da cesta. Porém tão brilhante, que foi o primeiro brinquedo que escolheram.
Rolaram com ela no tapete, lançaram na cama, atiraram para o alto. Mas quando a princesa resolveu jogá-la nas mãos da amiga, a bola estilhaçou jogo e amizade.
Uma moldura vazia, cacos de espelho no chão.
A tristeza pesou nos olhos da única filha do Rei. Abaixou a cabeça para chorar. A lágrima inchou, já ia cair, quando a princesa viu o rosto que tanto amava. Não só um rosto de amiga, mas tantos rostos de tantas amigas. Não na lágrima que logo caiu, mas nos cacos todos que cobriam o chão.
- Engraçado, são canhotas – pensou.
E riram.
Riram por algum tempo depois. Era diferente brincar com tantas amigas. Agora podia escolher. Um dia escolheu uma e logo se cansou. No dia seguinte preferiu outra, e esqueceu-se dela em seguida. Depois outra e outra, até achar que todas eram poucas. Então pegou uma, jogou contra a parede e fez duas. Cansou das duas, pisou com o sapato e fez quatro. Não achou mais graça nas quatro, quebrou com martelo e fez oito. Irritou-se com as oito, partiu com uma pedra e fez doze.
Mas duas eram menores do que uma, quatro menores do que duas, oito menores do que quatro, doze menores do que oito.
Menores, cada vez menores.
Tão menores que não cabiam mais em si, pedaços de amigas com a quais não se podia brincar. Um olho, um sorriso, um lado de nariz. Depois, nem isso, pó brilhante de amigas espalhado pelo chão.
Sozinha outra vez a filha do Rei.
Chorava? Nem sei.
Não queria saber das bonecas, não queria saber dos brinquedos.
Saiu do palácio e foi correr no jardim para cansar a tristeza.
Correu, correu, e a tristeza continuava com ela. Correu pelo bosque, correu pelo prado. Parou à beira do lago.
No reflexo da água a amiga esperava por ela.
Mas a princesa não queria mais uma única amiga, queria tantas, queria todas, aquelas que tinha tido e as novas que encontraria. Soprou na água. A amiga encrespou-se mas continuou sendo uma. Atirou-lhe uma pedra. A amiga abriu-se em círculos, mas continuou sendo uma.
Então a linda filha do Rei atirou-se na água de braços abertos, estilhaçando o espelho em tantos cacos, tantas amigas que foram afundando com ela, sumindo nas pequenas ondas com que o lago arrumava sua superfície.


Marina Colasanti. Uma idéia toda azul. 3. ed.   Rio de Janeiro: Nórdica, 1997.

A literatura frequentemente explora a fantasia para falar de problemas que afligem os seres humanos. Você acha que essa história pode simbolizar o que muitas vezes acontece com as pessoas?